ARTIGO
17 maio 2023
O encontro de história Turres Veteras teve, entre os passados dias 11 e 13 de maio, a sua 25.ª edição, a qual se subordinou ao tema “Mulheres”.
Conceituados investigadores abordaram este tema sob diversos prismas mediante comunicações apresentadas no auditório do Edifício dos Paços do Concelho, as quais foram presenciadas por cerca de 50 participantes e alvo de transmissão online, a qual está disponível no canal de Youtube da Câmara Municipal. “As mulheres na epigrafia romana da região Oeste”, “As Mulheres religiosas e a escrita da memória”, “As rainhas e Torres Vedras”, “Corte e moda feminina do reinado de D. Pedro II”, “As mulheres na obra de Henriques Nogueira“, “A mulher moderna num mundo em mudança” e “Mulheres torrienses na resistência ao Estado Novo” foram, a título de exemplo, alguns dos ângulos proporcionados pelas comunicações apresentadas, tendo outras focado personalidades femininas de forma mais particular (casos de Santa Helena, de Maria Teles, de D.ª Luísa de Gusmão, de D.ª Filipa de Lencastre e da infanta D.ª Maria).
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Do programa do XXV Turres Veteras fez também parte: a exibição, no Teatro-Cine, do filme Mal Viver, de João Canijo (estreado nesse dia nos cinemas); um percurso pedonal pelo centro histórico de Torres Vedras em que se abordou, com base na toponímia do mesmo, a história de notáveis mulheres torrienses (refira-se a este propósito que foi produzido, pelo serviço educativo do Museu Municipal Leonel Trindade, um folheto sobre a toponímia no feminino da cidade de Torres Vedras, que fica para memória futura); e a apresentação da performance musico-teatral Maria Cachucha, a mulher que faz, a mulher capaz, no claustro do Convento de Nossa Senhora da Graça.
Segundo palavras da vereadora da Cultura da Câmara Municipal, Ana Umbelino, na sessão de abertura da edição deste ano do Turres Veteras, pretendeu-se, ao escolher o tema “Mulheres” para o evento: ”(…) resgatar da sombra a história de inúmeras mulheres na sua irredutível diversidade. (…) Rainhas e infantas, religiosas, eremitas, monjas e Santas, nobres e comuns, atletas e resistentes, anónimas ou vagamente referenciadas (…) mulheres aparentemente vulgares mas capazes de feitos invulgares. Mulheres cujo itinerário ilumina fragmentos, desvela camadas de uma história poliédrica comum que, assim, se expande e complexifica. A presente proposta [a abordagem ao tema “Mulheres” no Turres Veteras] não é neutra no sentido de que parte da premissa de que o papel e a influência das mulheres foram obnubilados, subalternizados ou tornados supletivos e de que estas estão subrepresentadas nos registos da memória por força do sistema patriarcal dominante (…)”.
Recorde-se que o Turres Veteras é um encontro organizado pelo Município e pelo Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com a parceria do Centro de Formação de Escolas de Torres Vedras e Lourinhã.
Constitui-se como um encontro nacional de história de referência, organizado anualmente desde 1998 (à exceção do ano de 2020) e focado num tema, o qual é pertinente para o estudo da identidade e da memória do Concelho e da região Oeste, e, também, para o da própria história de Portugal e do Mundo.
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A edição deste ano do Turres Veteras terminou com um momento em que foram cantados os parabéns ao evento, o qual se constitui como “um seríssimo caso de longevidade”, também segundo palavras da vereadora Ana Umbelino.
De referir que as comunicações de cada edição do Turres Veteras são compiladas numa publicação que é coeditada pela Colibri e pelo Município e publicamente apresentada.
Associando-se ao 50.º aniversário da “Revolução dos Cravos”, o Turres Veteras terá em 2024 como tema “Democracia e Cidadania”.