ARTIGO
5 setembro 2021
A quarta edição do Novas Invasões terminou este domingo, num dia que contou com uma forte participação do público. A fusão entre o tempo passado e o tempo atual resultou numa vasta programação, que proporcionou uma experiência cultural ímpar.
Um dos destaques da programação contemporânea foi In Situ, um espetáculo da Associação Ilú, que “é uma exploração sobre a memória”. O coreografo Ricardo Ambrózio pensou a atuação para o palco permanente da Praça Dr. Alberto Manuel Avelino, que pelas suas características arquitetónicas remete para a ideia de uma casa que “ tem algo que é familiar mas é incompleto ao mesmo tempo”, explicou.
O mesmo espaço recebeu o concerto Uma evocação do clássico, 100 e 200 anos depois, com o Ensemble Inopinatum. O espetáculo partiu do período clássico da história da música para uma viagem de redescoberta sob um olhar neoclássico adotado por vários compositores 100 e 200 anos depois.
Já a CruzaMenTes - Companhia de Música Teatral e Performativa apresentou The Evidence Of The Fragments, uma narrativa visual e performativa centrada na relação do tempo contemporâneo com o passado. A partir do Largo Infante D. Henrique, a performance proporcionou uma viagem visual pelo património arquitetónico do centro histórico da Cidade.
A programação contemporânea também incluiu os mais novos, com o espetáculo Baú das Histórias. Tratou-se de um teatro infantojuvenil do Teorema - Colectivo de Criação Artística, apresentado na Praça Dr. Alberto Manuel Avelino.
A AREPO – Associação de Ópera e Artes Contemporâneas apresentou, ao longo do festival, O Regresso da Norma. A ópera com libreto de Rui Zink, numa composição de Luís Soldado e encenação de Linda Valadas, é uma reflexão sobre a atual situação de pandemia, convidando o público a pensar o passado, o presente e o futuro.
Luís Soldado destaca a importância destas produções para aproximar as pessoas deste género artístico: “às vezes as pessoas têm algum receio da ópera e nós tentamos provar exatamente o contrário, que é algo muito fácil de apreciar”. O espetáculo foi pensado para o espaço do Claustro do Convento de Nossa Senhora da Graça, onde foi apresentado em quatro sessões. Com todas as sessões esgotadas, a encenadora Linda Valadas faz um balanço positivo, sublinhando que “tivemos público de todas as idades e o propósito do espetáculo era isso mesmo.”
O Forte de São Vicente também recebeu uma instalação artística inspirada na pandemia. O artista Hugo Paquete pegou na descodificação do RNA do SARS-COV-2 e traduziu essa informação para MIDI, que usou para criar a instalação sonora SARS-COV-2 | Sound Analogies and Radical Sonification.
A programação do festival Novas Invasões incluiu, ainda, o Mercado Oitocentista que recriou, ao longo de quatro dias, os costumes e vivências da época das Invasões Francesas. Já a performance Dreamworld, da companhia alemã Theater Titanick, proporcionou uma experiência imersiva no Parque do Choupal.