ARTIGO

Nova “invasão” cultural prestes a acontecer em Torres Vedras

25 agosto 2023

Torres Vedras está prestes a ser alvo de uma “invasão” artística e cultural por meio de mais uma edição do festival Novas Invasões.

É já entre os próximos dias 31 de agosto e 2 de setembro que se realizará a 5.ª edição do evento, o qual, inspirado no imaginário das invasões napoleónicas a Portugal, que passaram por Torres Vedras, constitui-se simultaneamente como um ponto de confronto criativo e de afirmação de uma visão europeia baseada na diversidade. 

Destinado a um público que procura entretenimento, lazer e conhecimento, o Novas Invasões consiste num conjunto de ações que cruzam a cultura popular com as práticas de expressão artísticas e criativas contemporâneas, num contexto informal e de relacionamento interpessoal.

A conferência de imprensa de apresentação da próxima edição do Novas Invasões realizou-se no passado dia 22 de agosto, num dos locais que acolhe o festival: o Parque do Choupal.

Nesse momento a presidente da Câmara Municipal, Laura Rodrigues, lembrou que o evento “pretende fazer uma ligação com o nosso passado histórico, mas também dar uma ideia daquilo que é o presente e perspetivar o futuro”, tendo ainda enfatizado a adesão das associações locais ao Novas Invasões, as quais apresentarão na quinta edição do festival um total de 20 projetos, os quais são “diferenciadores, inovadores e que nos projetarão também em termos de futuro”. Laura Rodrigues enalteceu igualmente a componente de voluntariado do Novas Invasões, no qual participarão este ano 37 jovens voluntários. A terminar a sua intervenção, a presidente da Câmara Municipal afirmou esperar “que de 31 de agosto a 2 de setembro sejamos efetivamente invadidos aqui em Torres Vedras por muitas pessoas que venham de fora”.

Já a vereadora da Cultura da Câmara Municipal, Ana Umbelino, relevou na alocução que proferiu na conferência de imprensa o facto do festival Novas Invasões celebrar “o poder agregador das artes e da cultura enquanto dispositivos capazes de reconstruir a cooperação, o diálogo e a participação, reforçando a empatia da cidade, enquanto espaço relacional, de proximidade, que promove a troca e a partilha de conhecimento”. Ainda segundo Ana Umbelino, o Novas Invasões deve ser compreendido “no quadro de um conjunto de medidas de política pública que visam garantir a todos e a todas o acesso à criação e à fruição artística e cultural e afirmar Torres Vedras como um território que confere inequívoca centralidade às artes e à cultura enquanto pilares de desenvolvimento sustentável”.

O diretor artístico do Novas Invasões, João Garcia Miguel, abordou, por seu lado, na conferência de imprensa de apresentação da 5.ª edição do festival, a evolução e a programação do mesmo. A realização de melhorias no mercado oitocentista, o aumento do número de ações no evento e a criação de um núcleo entre a zona da Igreja de S. Pedro e a Praça Dr. Alberto Manuel Avelino - o “Túnel do Tempo” - foram aspetos abordados por João Garcia Miguel, que frisou o facto do Novas Invasões ser um festival “muito especial, muito único, e que é irrepetível (…) aquilo que se viver aqui não pode ser transportado para outro lado”.

A terminar a conferência de imprensa usou da palavra o diretor executivo do Novas Invasões, Rui Brás, que deixou alguns números: 3 dias de festival, 35 horas de programação, 53 espetáculos, cerca de 150 sessões e cerca de 300 artistas. “Há uma oferta enorme que abrange praticamente todo o tipo de públicos (…) numa programação que é pensada, imaginada e produzida especificamente para Torres Vedras. É um festival que não acontece por acaso em Torres Vedras, é um festival que foi pensado para Torres Vedras e que tem uma relação muito íntima com o nosso património histórico, mas também com a nossa relação contemporânea com as artes e a cultura”, referiu Rui Brás.

 

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Uma plêiade de ações para viajar no tempo e no espaço

 

O Novas Invasões terá mais uma vez, como “epicentro”, o mercado oitocentista que se realizará na zona da Igreja de S. Pedro (mais concretamente no Largo Wellington, no Largo de São Pedro, na Rua Almirante Gago Coutinho e no Largo Infante Dom Henrique). Expressão da atividade humana do tempo das famosas invasões francesas, este mercado oitocentista, que será dinamizado em grande medida por associações locais, proporcionará gastronomia, artesanato, recriações históricas (“Ofícios da época”, pelos Arqueiros d’El Rei; “História de um Mosteiro | costura, joalharia e entalhamento”, por Marta Maçarico, pelo mestre Júlio Leal e pelo Clube de Costura Sénior da Associação Incluir +; “Linho e Burel”, por Cabril Eco Rural; “A chegada do Regimento de Infantaria de Linha Portuguesa”, pelo Grupo de Recriação Histórica da Associação para a Memória da Batalha do Vimeiro; e uma atuação do Grupo de Danças Históricas da Batalha do Vimeiro), teatros (Hospital de campanha | Um reflexo da resiliência do povo português às devastadoras invasões francesas, por Anymamundy e Ofícios com História; A vida na taberna, por Malatitsch; Guerrilha da Terra Queimada, pela Companhia Jenus; Le Cache And Seek, também por esta última companhia; Agapito e Jeremias, de Marco Amaral; Mulher do Boi, por Tânia Safaneta; O Duelo, por Daniel Silva e Chandra Malatitsch; e O funeral do benfeitor, por Anymamundy e Ofícios com História), danças (pelo Estúdio de Dança Flui e pelo Rancho Folclórico e Etnográfico “Flores do Oeste”), animações de rua  (“Ana e os Gansos”, atuações dos Gaiteiros da Freiria, Gaiteiros de Stęszew e Rufos e Roncos e intervenções dos Imposturitos) e jogos tradicionais oitocentistas (a cargo do Académico de Torres Vedras).

Próximo do mercado oitocentista, encontrar-se-á outro núcleo do festival, que é, como já foi referido, a novidade do mesmo: o “Túnel do Tempo” (que se situará na Rua Miguel Bombarda, na Praça do Município, na Rua Roque Ferreira Lobo, no Largo Frei Eugénio Trigueiros e na Rua Guilherme Gomes Fernandes). Neste núcleo de “transição”, que é coproduzido pela Performact, os visitantes poderão usufruir: de uma animação e performance com fotografia “à lá minute”, denominada A fabulosa máquina de fazer parar o tempo (a cargo de João Barrinha); de um espetáculo itinerante de teatro de marionetas criado a partir de conhecidas personagens da comunidade local, denominado Pêlo na Venta (que será representado por A Bolha); de um espetáculo multidisciplinar itinerante inspirado nos tradicionais teatros de marionetas itinerantes, denominado Bonecos do Mercado (que será apresentado pela Alma D’Arame); de um espetáculo relacionado com o Bestiário Tradicional Português, denominado Bestialidades (que será levado a cabo pelo Rancho Folclórico “Flores do Oeste”, pelo ViraVadio, por A Bolha e por outros intervenientes); e de um conjunto de intervenções artísticas multidisciplinares que acontecerão em seis estações: Tempus fugit, Janelas de Torres, DEZ Encontros, ACamadas, Plunge e Babel, as quais contam com as colaborações artísticas de, respetivamente, Tatiana Nozes, Wallace Wong Nok, Marta Lobato, Diana Pinto, Gustavo Magalhães e Gonçalo Lobato.

Já no extremo norte do centro histórico de Torres Vedras, mais concretamente na Praça Dr. Alberto Manuel Avelino, será dinamizada a “Praça do Futuro”. Aí estarão as tendas DOMMES, onde serão apresentadas várias performances e atividades (nomeadamente de cartomancia, leitura de sina e magia infantil), estando também previsto para o local: performances de dança de rua (uma a cargo de Miguel Moreira e uma outra por Re:Sorb e “bailarino led”); um teatro com um dispositivo cénico inovador denominado Titiriscopio (a cargo do Arawake Theatre); uma instalação/performance de vídeo (por Re:Sorb); concertos (com O Gajo, Tó Trips e Noiserv, os quais contarão com performances de Re:Sorb); e performances de DJ’s (por Isis Mellow, Yen Sung e Switchdance).

Passando o rio Sizandro chegar-se-á ao Choupal que, no âmbito do Novas Invasões 2023, assume a designação de “Paraíso”. Um intenso conjunto de ações acontecerão proximamente nessa zona de Torres Vedras, sendo de realçar das mesmas o espetáculo de encerramento da edição deste ano do festival - Symfeuny (espetáculo interativo de percussão e de fogo concebido por Deabru Beltzak) -, o qual terá o seu início na Praça Dr. Alberto Manuel Avelino. De referir, a este propósito, que o espetáculo de abertura do 5.º Novas Invasões é também concebido por Deabru Beltzak - Les tambours de feu (espetáculo de música ao vivo, pirotecnia e efeitos especiais) - e desenrolar-se-á entre o Largo Infante D. Henrique e a Praça Dr. Alberto Avelino.

Outros espetáculos acontecerão no Parque do Choupal, entre 31 de agosto e 2 de setembro, nomeadamente: o espetáculo de música, dança e pintura criativa Celebra a Vida Live with Earth (promovido pela associação Live with Earth); o espetáculo de circo-teatro e humor gestual Sin Remite (apresentado por Kikolas); o concerto/performance do grupo Tigre; o espetáculo multidisciplinar inspirado no património cultural, paisagístico e arquitetónico do Concelho Sob o manto diáfano da fantasia (que será levado a cabo pelo grupo Musicálareira e por David Cara-Nova); o espetáculo musico-teatral Assalto à encosta (que será apresentado pela Inopinatum, por Débora Bessa e um por grupo comunitário de figurantes); e o espetáculo de circo contemporâneo e teatro físico Mutabilia (do Teatro do Mar).

A zona do Choupal será ainda espaço para um conjunto de ações pedagógicas (de caráter cultural, artístico e ambiental), as quais são, de resto, uma das apostas em termos de programação da edição deste ano do Novas Invasões, a saber: sessões de contos intituladas “Histórias que as árvores contam” (que serão levadas a cabo por Ana Sofia Paiva); concertos-baile com os Parapente 700; “Ginásio Musical | Música bem ludificada” (a dinamizar por BitOcas Fernandes); uma instalação coletiva a criar a partir de oficinas criativas para famílias intitulada “Domo da polinização” (que será dinamizada por Margarida Botelho); a atividade de sensibilização ambiental e reciclagem “Plástico à Vista” (a dinamizar pela Zero P); o espetáculo de fantoches e música baseado em histórias das invasões francesas  Não há duas sem três (que será apresentado por Carla Santos e Rute Miranda); uma oficina de “Desenvolvimento afetivo através da massagem e do desenho” (que será dinamizada por Bruno e Isis Gonçalves); uma oficina de exploração vocal e canto denominada “Experiência Mística” (que será orientada por Telma Pereira); uma oficina de palavras e sons denominada “Experiência Lúdica” (que também será dinamizada por Telma Pereira); e uma oficina de fotografia efémera com corantes naturais (que será dinamizada pela associação Tira-Olhos). A participação nestas ações requer inscrição prévia (excetuando para as sessões “Histórias que as árvores contam” e para o espetáculo Não há duas sem três), o que pode ser efetuado no site do Novas Invasões ou no da Câmara Municipal.

No âmbito da 5.ª edição do Novas Invasões serão ainda proporcionadas duas visitas/percursos pedestres: uma denominada “Torres Vedras na 1.ª Linha” que, partindo da Praça 25 de Abril, passará por diversos pontos de interesse relacionados com a temática das invasões francesas, e terminará no Forte de S. Vicente com uma prova de vinho; e uma outra, denominada “Torres Vedras Napoleónica” (a qual será dinamizada com a parceria da Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras), que terá início no Posto de Turismo de Torres Vedras e terminará no Castelo também com uma prova de vinho. As inscrições para estas duas ações devem ser efetuadas pelo email: turismo@cm-tvedras.pt.

De referir ainda que durante a edição deste ano do Novas Invasões cinco restaurantes do Concelho disponibilizarão “refeições oitocentistas” (Moinho do Paul, Roots, Bombordo, Patanisca e “O Beirão”).

Mais informação sobre a programação do festival pode ser consultada no site do mesmo ou no da Câmara Municipal.

O Novas Invasões é um festival organizado pela Câmara Municipal que na sua edição de 2023 conta com o apoio das Águas do Vimeiro e do Intermarché de Torres Vedras.

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