Ciclo de Órgão de Torres Vedras prestou homenagem social em mais uma edição de sucesso

A nona edição do Ciclo de Órgão de Torres Vedras, o qual é uma organização da Câmara Municipal de Torres Vedras e da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, realizou-se entre os passados dias 18 de janeiro e 1 de abril, “prestando uma homenagem social, nomeadamente valorizando a música no feminino e o potencial da juventude”, segundo refere a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Torres Vedras, Ana Umbelino.

Quatro organistas mulheres, com percursos artísticos, académicos e pedagógicos de referência, e elementos de algumas instituições de ensino musical de prestígio, foram protagonistas na edição deste ano do ciclo de órgão torriense, a qual teve, à semelhança das edições anteriores do evento, como “anfitrião”, o órgão histórico da Igreja de Misericórdia, que foi, recorde-se, construído por Bento Fontanes em 1773 e restaurado pelo mestre organeiro Dinarte Machado em 2008 com o objetivo de trazer a originalidade ao instrumento, que se distingue pelas suas sonoridades históricas.

Os grandes concertos foram os momentos altos da recente edição do Ciclo de Órgão de Torres Vedras, tendo em 2025 o primeiro se realizado na tarde do dia 26 de janeiro, dedicado a Santa Maria, Mãe de Deus e a todas as Misericórdias do país. Nesse concerto de Ano Novo, que juntou Ester Ciudad Caldevilla (que é professora no conservatório profissional de música de Saragoça e uma das mais prestigiadas organistas espanholas) e o ensemble feminino Stella Spendes, foi interpretada desde música portuguesa e espanhola do Renascimento e Barroco (a solo pela organista) até música de compositores e compositoras do Romantismo à atualidade (com as sonoridades do órgão a acompanharem as vozes femininas do referido ensemble).

Já o segundo grande concerto, denominado Da mística medieval à atualidade e realizado na tarde do dia 16 de fevereiro, trouxe à Igreja da Misericórdia a reputada organista Rute Martins (professora de órgão no Orfeão de Leiria e organista na Igreja Evangélica Alemã, em Lisboa) e o Ensemble Vocal da Academia de Música de Santa Cecília (de Lisboa), dirigido por António Gonçalves. Enquanto este jovem coro interpretou um programa medieval (dedicado ao Llibre Vermell de Monserrat) e também obras de compositores e compositoras do primeiro Barroco, Rute Martins apresentou a solo virtuosas peças de autores portugueses, alemães e de outras tradições europeias, de entre as quais peças escritas por mulheres compositoras. No final do concerto organista e ensemble juntaram-se para interpretar duas peças, em homenagem ao compositor António Cartageno.

O terceiro e último grande concerto da edição deste ano do Ciclo de Órgão de Torres Vedras aconteceu na tarde do dia 9 de março e, realizado já em época quaresmal, constituiu-se como uma ação comemorativa do Dia Internacional da Mulher. Tendo contado com a participação da jovem organista portuguesa Carole Reis (diplomada no Conservatório Superior de Música de Amsterdão), bem como com a de alunos do Conservatório de Música da Física e do Atelier de Artes Performativas do Conservatório Nacional de Lisboa, que foram acompanhados na maior parte dos seus momentos de atuação pela organista, proporcionou a audição de obras de Johann Sebastian Bach (muitas delas do livro de Ana Madalena Bach), para além de uma obra da autoria de John Newton, a canção tradicional Senhora do Almurtão e momentos de improvisação.

De realçar a grande afluência de público nestes três grandes concertos (não obstante o facto de terem sido transmitidos por via online), de todas as faixas etárias, e oriundo não apenas do Concelho, mas também de outras geografias (nacionais e inclusivamente internacionais), o qual se revelou sempre carinhoso, atento e sensível. Refira-se também que os grandes concertos do Ciclo de Órgão de Torres Vedras continuam a ser comentados, contextualizando-se o repertório através de uma linguagem acessível, e democratizando-se assim a oferta cultural.

 

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Outra componente deste ciclo de órgão são os miniconcertos “à la carte”, os quais são realizados durante um período de 15 minutos, durante o normal período de pausa para almoço (pelas 13h15), nos quais o público pode escolher as peças que quer ouvir a partir de um “cardápio musical” que lhe é proporcionado pelo organista e diretor artístico do evento, Daniel Oliveira. Este ano esses miniconcertos tiveram lugar em terças-feiras (nos dias 11, 18, 25 de março e 1 de abril), criando momentos de relaxamento, contemplação e introspeção, o que foi muito apreciado pelo público e marcou claramente o quotidiano da Cidade.

Ainda do programa do IX Ciclo de Órgão de Torres Vedras fez parte três outras ações realizadas na Igreja da Misericórdia: uma atividade para o público infantojuvenil que foi uma “história-concerto”, denominada “Harmonia na Quinta”, concebida pela organista e pedagoga Inês Machado, que aconteceu na manhã do dia 18 de janeiro; um workshop de órgão, dinamizado por Rute Martins, realizado na manhã do dia 15 de fevereiro; e uma visita ao espaço da igreja e ao seu órgão histórico, dinamizada por Joaquim Moedas Duarte, que teve lugar na manhã do dia 22 de fevereiro, organizada em parceria com a Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras.

De frisar que o ciclo de órgão torriense continua a ser uma iniciativa de "todos e para todos", onde é visível uma energia incrível nos seus vários momentos e uma participação em massa do público. É claramente um evento cultural ao serviço da Cidade e das pessoas e uma oferta cultural autêntica, que alia, música, sociedade, património, história e igualdade.

É também de relevar o forte cooperativismo que se verifica entre as diversas entidades envolvidas na organização do Ciclo de Órgão de Torres Vedras, o qual contou em 2025 com a parceria institucional do Patriarcado de Lisboa, das paróquias de Torres Vedras, da Academia de Música de Santa Cecília, da Escola Artística do Conservatório Nacional de Lisboa, do Conservatório de Música da Física, da Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras, da Cultur'Canto - Associação Cultural, da Antena 2 e da Rádio Renascença.