ARTIGO
1 abril 2024
O Ciclo de Órgão de Torres Vedras teve recentemente, entre os meses de janeiro e março, a sua oitava edição.
O ponto alto da edição deste ano do evento, cujos concertos têm lugar, recorde-se, na Igreja da Misericórdia, foi a atuação de Josep Solé e Coll, organista principal do Vaticano, que, no dia 17 de fevereiro, com a Cameratinha (coro infantojuvenil de Torres Vedras, dirigido pelo maestro torriense Jorge Leiria), proporcionou Paisagens musicais de louvor a Maria. Tratou-se de um concerto introspetivo, realizado à luz de velas, que teve duas apresentações (devido à elevada afluência de público verificada), e em que foi interpretada música renascentista e barroca mariana.
O primeiro concerto do VIII Ciclo de Órgão de Torres Vedras realizara-se no dia 14 de janeiro, dedicado à temática da Paz, e proporcionara um repertório que incluiu desde temas italianos do primeiro barroco a temas contemporâneos. De referir que esse concerto, que se intitulou Concerto pela Paz “De Monteverdi a Gershwin”, foi levado a cabo pelo grupo Afecto in Trio, o qual é constituído por Patrycja Gabrel (soprano), Duncan Foz (violone) e Daniel Oliveira (órgão), que é simultaneamente o diretor artístico do evento.
O último concerto da edição de 2024 do ciclo de órgão torriense aconteceu no passado dia 24 de março, tendo contado, saliente-se, com a participação do organista titular da Sé Patriarcal de Lisboa, António Duarte, que foi acompanhado, na interpretação de vários temas, pela soprano Ana Paula Russo. Esse concerto, denominado Órgão em Duo ”Recital de órgão e canto”, apresentou um programa com obras dos séculos XVIII e XIX, abordando também temas de compositores do século XX.
Recorde-se que no Ciclo de Órgão de Torres Vedras todos os concertos são comentados, de forma a aproximar a cultura do órgão e o seu património de todos os cidadãos, democratizando assim a arte erudita.
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Outra componente do evento são os miniconcertos “à la carte” realizados à hora de almoço na Igreja da Misericórdia, os quais aconteceram este ano durante as segundas-feiras do mês de março. Momentos em que o público pôde escolher, de um “cardápio” musical bem diversificado, os temas que quis ouvir, os quais foram interpretados por Daniel Oliveira.
Da programação do VIII Ciclo de Órgão de Torres Vedras fez também parte a atividade “Música e relaxamento: Método Feldenkrais”, que aconteceu no dia 16 de março, no Centro de Artes e Criatividade, orientada por Filipa Marcelino e Carmo.
De relevar a considerável afluência de público que se registou este ano nas diversas ações do ciclo de órgão torriense, oriundo não apenas do Concelho, mas também de outras geografias.
Segundo refere Daniel Oliveira acerca do Ciclo de Órgão de Torres Vedras, o mesmo “tem-se afirmado cada vez mais como uma marca cultural da cidade de Torres Vedras, que valoriza o património vivo do seu centro histórico, potenciando os músicos locais e nacionais, mas também criando parcerias culturais com outras cidades e instituições. Trata-se de um ciclo de órgão que dialoga com a arte, a religião e, sobretudo, com a sociedade. Música por todos e para todos! Numa cultura democratizada e acessível”.
O Ciclo de Órgão de Torres Vedras é organizado pela Câmara Municipal com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras e teve em 2024 como parceiros institucionais o Patriarcado de Lisboa, as paróquias de Torres Vedras, a Cultur`Canto - Associação Cultural, a Antena 2 e o Santuário de Fátima.
Relembre-se que este ciclo tem a sua génese no restauro do órgão histórico da Igreja da Misericórdia, o que foi efetuado em 2008 pelo mestre Dinarte Machado. Esse órgão de tubos, de oito registos, o qual esteve dois séculos em situação de inatividade, é datado de 1773, sendo a sua construção atribuída a Bento Fontanes, um dos principais nomes da organaria do século XVIII em Portugal.