ARTIGO
10 janeiro 2024
A oitava edição do Ciclo de Órgão de Torres Vedras foi apresentada em conferência de imprensa, que teve lugar ao final da manhã do dia 8 de janeiro, na Igreja da Misericórdia.
A edição deste ano daquele ciclo manterá, de grosso modo, o seu formato habitual, com três grandes concertos, em meses sucessivos (em 2024 os mesmos acontecem em janeiro, fevereiro e março, em dias de fim de semana), na Igreja da Misericórdia, e quatro miniconcertos “à la carte” (os quais acontecem no mesmo dia de semana de um mesmo mês, no caso de 2024, nas segundas-feiras de março, à hora de almoço), também no referido espaço religioso.
Como novidade, a próxima edição do Ciclo de Órgão de Torres Vedras proporcionará uma sessão de música e relaxamento, segundo o método Feldenkrais, que terá lugar no Centro de Artes e Criatividade, também no mês de março.
E será já no próximo domingo, dia 14 de janeiro, pelas 16h00, que acontecerá o primeiro grande concerto do VIII Ciclo de Órgão de Torres Vedras. Será um “concerto pela Paz”, a realizar no mês da Paz, que partirá de repertório italiano do primeiro barroco (em que a temática do Amor e da Paz estão bem presentes e onde o dramatismo criado pela fusão entre música e palavra convidam o ouvinte a experiências emotivas fortes e ímpares) e abordará, também, temas mais contemporâneos, nomeadamente de Gershwin, ou a célebre peça Somewhere over the rainbow. O Concerto pela Paz “De Monteverdi a Gershwin” será levado a cabo pelo grupo Afecto in Trio, que é constituído por Patrycja Gabrel (soprano), Duncan Foz (violone) e Daniel Oliveira (órgão), que é simultaneamente o diretor artístico do evento.
A edição oitava do mesmo terá o seu segundo grande concerto no dia 17 de fevereiro, pelas 21h00, o qual será um “candlelight concert”, ou seja, um concerto à luz de velas, denominado Paisagens musicais de louvor a Maria. Realizando-se em período de Quaresma, será caraterizado por um ambiente intimista e meditativo, e proporcionará a escuta de música renascentista e barroca mariana, que será interpretada, realce-se, por Josep Solé e Coll, principal organista do Vaticano. A atuação deste organista, um dos mais conceituados da atualidade, será complementada pela da Cameratinha, um coro infantojuvenil torriense, dirigido por Jorge Leiria, que cantará peças de Perosi, Andrade Nunes ou António Cartageno.
O terceiro e último grande concerto do VIII Ciclo de Órgão de Torres Vedras acontecerá no dia 24 de março, pelas 16h00, com a designação de Órgão em Duo ”Recital de órgão e canto”. A levar a cabo pelo organista titular da Sé Patriarcal de Lisboa, António Duarte, e pela soprano Ana Paula Russo, transportará os ouvintes para sonoridades dos séculos XVII e XVIII, sendo que no decorrer do mesmo se recriará práticas de acompanhamento entre o instrumento e a voz, características de contextos litúrgicos, através da técnica do baixo contínuo. Músicas portuguesas, espanholas e italianas, entre outras, serão interpretadas na ocasião, não apenas em duo, mas também a solo.
Como já anteriormente referido, também no mês de março, realizar-se-ão os miniconcertos “à la carte”, mais concretamente nos dias 4, 11, 18 e 25, pelas 13h15. Nesses miniconcertos, que terão a duração de 15 minutos, o público poderá escolher, de um “cardápio” musical bem diversificado (que vai desde a famosa Avé Maria, de Franz Schubert, a música de Scott Joplin, passando, por exemplo, por temas de Elton John), o que quer ouvir. Uma autêntica degustação musical à hora de almoço, que estará a cargo de Daniel Oliveira.
Por fim, referência para a atividade “Música e relaxamento: Método Feldenkrais”, a qual acontecerá no dia 16 de março, pelas 10h00. Com a duração de duas horas, e tendo Filipa Marcelino e Carmo como formadora, utilizará as sonoridades do órgão, sendo seu objetivo levar os participantes a uma aprendizagem com base no movimento e no contacto do próprio corpo e a um aumento da autoconsciência. As inscrições nesta atividade, as quais estão limitadas a um número de 30, devem ser efetuadas pelo email: cultura@cm-tvedras.pt; ou pelo n.º de telefone: 261 320 749.
De referir que todas as atividades do VIII Ciclo de Órgão de Torres Vedras são de acesso gratuito, contando os grandes concertos com intervenções de contextualização.
Um festival para “todos, todos, todos”
Utilizando uma recente expressão do Papa Francisco, proferida nas Jornadas Mundiais da Juventude de Lisboa, Daniel Oliveira, reafirmou, na conferência de imprensa de apresentação do VIII Ciclo de Órgão de Torres Vedras, o caráter democrático deste festival, o qual se destina a “todos, todos, todos”. Também segundo o diretor artístico do evento, o mesmo tem colhido um carinho bastante significativo da parte do público e desmistificado um certo estigma associado ao órgão de tubos, relacionado com o preconceito de se pensar que este instrumento musical se destina a interpretar apenas música de épocas históricas passadas.
O Ciclo de Órgão de Torres Vedras é organizado pela Câmara Municipal, pelo que a presidente desta entidade, Laura Rodrigues, fez questão de marcar presença na conferência de imprensa de apresentação da oitava edição do evento. Na ocasião, Laura Rodrigues frisou o trabalho de dinamização do mesmo que tem sido realizado por Daniel Oliveira e agradeceu a um conjunto de entidades o apoio que prestam à edição deste ano do festival organístico torriense. Refira-se, a esse propósito, que, em 2024, este conta com os apoios institucionais do Patriarcado de Lisboa, das paróquias de Torres Vedras, da Cultur’Canto - Associação Cultural, da Antena 2 e do Santuário de Fátima.
A Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, que disponibiliza o espaço e o instrumento musical que levou à criação do Ciclo de Órgão de Torres Vedras, continua a ser a principal entidade apoiante do evento, um facto de que faz “muito gosto” essa instituição, nas palavras do seu provedor, Carlos Reis, até pelo facto de a arte e a cultura terem o condão de “elevar o espírito e alegrar a alma”, contribuindo para uma comunidade mais saudável.
Também na conferência de imprensa de apresentação do VIII Ciclo de Órgão de Torres Vedras esteve presente a vereadora da Cultura da Câmara Municipal, Ana Umbelino, que frisou o facto desse ciclo dar corpo a três palavras-chave: Reconhecer (os ativos histórico-culturais e os recursos artísticos existentes no Concelho e as possibilidades que geram); Imaginar (erguer “pontes” e potenciar colaborações entre entidades diversas, criando redes de cooperação, assentes na mutualização de recursos); e Concretizar (a partir dos pressupostos anteriores, cocriar propostas inovadoras que têm tornado possível, anualmente, renovar cada edição do Ciclo de Órgão de Torres Vedras).
Recorde-se que este ciclo tem a sua génese no restauro do órgão histórico da Igreja da Misericórdia, o que foi efetuado em 2008 pelo mestre Dinarte Machado. Esse órgão de tubos, de oito registos, o qual esteve dois séculos em situação de inatividade, é datado de 1773, sendo a sua construção atribuída ao mestre organeiro galego Bento Fontanes.
Mais informação sobre o VIII Ciclo de Órgão de Torres Vedras pode ser consultada aqui.